sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Relatos

Notícias d'além mar, nas palavras do publicitário Rafael Pitanguy, que atua há um ano em Lisboa, Portugal, como redator. Ele tem 29 anos, é carioca, formou-se na PUC-Rio, viveu em São Paulo durante pouco mais de 12 meses e enviou o texto a seguir.

Relato 1 – São Paulo é feio. Assim como o ser humano. São Paulo é ambicioso, solitário, miserável, cinza no céu e no olhar. São Paulo grita, dá esporro. Aqui se leva a saudade no bolso e o calo nas mãos. “Um dia eu volto pro sertão”. “Um dia eu compro um carro”. “Um dia eu levo minha família pra conhecer a praia” “Um dia eu arrumo um dia pra ficar com a minha família”. E assim a cidade cresce, cresce, cresce. Para cima do céu, tentando alcançar o nome e para os lados afrouxando cintos e fronteiras. São Paulo consome. A tudo e a si mesmo. E as pessoas andam em carros caríssimos que fazem tudo: menos andar. E as pessoas usam os melhores relógios. Mas não encontram tempo. E tem que ter estômago para engolir tanto chope e principalmente, tanto sotaque. Paulistas falam como bobos. Mas escondem um risinho que diz: “ bobo é quem me ouve”. E eu não quero saber onde fica a mehor esfirra. Na paulista? Na Faria Lima? Na Vila Madalena? Não, eu não gosto de esfirrra. Sou muito mais água de côco. São Paulo não tem nada de santo.

Relato 2 – Como é grande essa cidade. Lugar de tudo e de todos. Se alguém começar uma piada dizendo “era um alemão, um japonês, um turco, um português e um brasileiro”, pode ter certeza de que a locação é São Paulo. Em 15 minutos estou numa rua com placas em japonês. Em 2, comprando uma esfirra onde o dono da loja só aprendeu a simpatia dos brasileiros. O idioma, está longe. E são mesmo boas as esfirras. Assim como são bons os restaurantes, as exposições, os shows, os bares. Difícil dizer se os melhores programas estão na Paulista, na Faria Lima, na Vila Madalena. Aqui as pessoas vieram para se realizar, vencer, construir, brigar. E de sonho em sonho fizeram uma das maiores cidades do mundo.

Qualquer relato depende de como você vê. Graças a Deus, temos todos 2 olhos.

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